No Dia dos Povos Indígenas, mergulhe na beleza e significado de grafismos, cestarias e esculturas que ecoam a força cultural, espiritual e econômica das comunidades originárias do Brasil.
Celebrado anualmente em 19 de abril, o Dia Nacional dos Povos Indígenas transcende a reflexão sobre direitos e lutas, iluminando a exuberância de suas manifestações culturais. Entre elas, o artesanato emerge como um potente símbolo de resistência, identidade e, cada vez mais, como um motor de autonomia socioeconômica para diversas etnias.
Com técnicas transmitidas de geração em geração, imersas em uma profunda conexão com a natureza, o artesanato indígena se materializa em cerâmica, fibras naturais e madeira, contando histórias ancestrais em cada detalhe. Hoje, essa produção artesanal não é apenas herança cultural; ela se consolida como a principal fonte de renda para inúmeras comunidades, impulsionando seu desenvolvimento de maneira sustentável e respeitosa com suas tradições.
“O artesanato figura entre as ferramentas mais poderosas para a proteção das comunidades indígenas”, enfatiza Lucas Lassen, diretor e curador da Paiol, marca que colabora com cerca de 50 comunidades em todo o país. “Além de preservar tradições vivas, ele fortalece a autoestima coletiva, incentiva a permanência dos jovens em suas aldeias e contribui para a sustentabilidade de seus territórios. Através do próprio trabalho, essas populações conquistam acesso à educação, saúde e investem em melhorias para o cotidiano da aldeia, sem jamais abrir mão de sua identidade. O artesanato se tornou um elo vital entre o passado e o futuro, auxiliando-os a equilibrar seu modo de vida tradicional com as necessidades do mundo contemporâneo.”
Apesar de o Brasil deter a maior diversidade étnica do planeta, com cerca de 305 povos que falam mais de 270 línguas, diferentes comunidades se destacam por suas habilidades artesanais singulares, criando objetos que transitam entre a utilidade e a beleza decorativa. Conheça alguns desses talentos:
Assurini: A Expressão Vibrante dos Grafismos do Xingu (Pará)
Originários do coração do médio Xingu, os Assurini preservam uma das expressões visuais mais impactantes entre os povos indígenas brasileiros: seus grafismos. Presentes em pinturas corporais, cerâmicas e, principalmente, em peças de madeira como bancos, utensílios e esculturas, os traços geométricos coloridos carregam consigo significados profundos, transmitidos através das gerações. Cada linha, cada cor e cada figura ecoam a cosmovisão da etnia. Nos últimos anos, a arte Assurini tem conquistado espaço em feiras, galerias e exposições, levando suas narrativas para além de seu território ancestral. Um exemplo notável é o Banco Assuri, esculpido em uma única peça de madeira, com um assento côncavo e oval, adornado com os grafismos tradicionais que contam a história de seu povo.
Os Assurini têm uma rica tradição na arte dos grafismos – FOTOS Penellope Bianchi
Baniwa: A Maestria da Cestaria na Amazônia Noroeste
Na vasta região noroeste da Amazônia, onde as fronteiras entre Brasil, Colômbia e Venezuela se encontram, o povo Baniwa demonstra um domínio excepcional na arte da cestaria, utilizando a fibra de arumã. Seus cestos, paneiros e balaios ganham vida com grafismos únicos, tecidos com a palha tingida que reflete os desenhos sagrados utilizados nos rituais da comunidade. O trançado minucioso revela uma técnica refinada, conferindo forma e resistência às peças. Para impulsionar a autonomia econômica dessas comunidades, nasceu a marca Arte Baniwa, fruto da colaboração entre organizações indígenas e o Instituto Socioambiental (ISA), valorizando e divulgando essa arte ancestral.
Os Baniwa trabalham com a fibra de arumã e também trazem grafismos a partir da palha tingida – FOTOS Penellope Bianchi
Mestre Bezinho (Kimbiwá): A Arte que Pulsa do Sertão de Pernambuco
Do sertão de Pernambuco emerge um dos grandes nomes da arte indígena contemporânea: Mestre Bezinho, da etnia Kimbiwá. Reconhecido por sua maestria no trabalho com madeira e outros materiais naturais, ele elevou o fazer tradicional a obras que viajam pelo Brasil e pelo mundo. Seus bancos, esculturas e objetos utilitários fundem estética e simbolismo, sempre enraizados na espiritualidade e no cotidiano do povo Kimbiwá. Uma de suas criações mais emblemáticas é a representação de Praiá, figura mítica e religiosa reverenciada por diversas etnias indígenas. Atualmente, com sua produção singular, Mestre Bezinho inspira jovens artesãos e fortalece a transmissão de saberes em sua comunidade, mantendo viva a chama da tradição.
Terena: A Versatilidade Criativa do Centro-Oeste (foto de capa)
Distribuídos principalmente pelos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, os Terena são conhecidos por sua notável versatilidade no artesanato. Eles exploram diversas matérias-primas, como cerâmica, madeira, palha, sementes e miçangas, criando uma rica variedade de peças que vão desde utensílios domésticos até adornos e esculturas. Essa multiplicidade reflete a adaptabilidade e a riqueza cultural do povo Terena. Muitos de seus produtos têm ganhado destaque em circuitos de arte e design, especialmente as peças que retratam a fauna brasileira, celebrando a biodiversidade do país.
Yanomami: A Sabedoria da Floresta em Cestos e Fibras
Habitando uma das maiores áreas de floresta tropical preservada do mundo, na região entre o norte do Brasil e a Venezuela, os Yanomami mantêm um modo de vida intrinsecamente ligado à natureza. Suas cestarias, confeccionadas com cipós e fibras nativas, revelam a profundidade do manejo tradicional e a importância vital da floresta para a sobrevivência e a espiritualidade de seu povo. As peças são essenciais no cotidiano das aldeias, mas também conquistaram reconhecimento por sua beleza singular e funcionalidade, ecoando a harmonia entre o homem e a natureza.
Peças começaram a ser produzidas para o cotidiano da aldeia e hoje são usadas em todo o Brasil e até fora dele – FOTOS Theo Grahl
Neste Dia dos Povos Indígenas, a revista de decoração convida você a apreciar a beleza e o significado do artesanato indígena, uma arte que transcende a estética, carregando em si a história, a resistência e a alma dos nossos povos originários. Ao valorizar essas peças únicas, contribuímos para fortalecer a autonomia dessas comunidades e para a preservação de um patrimônio cultural inestimável.
Foto de capa: Penellope Bianchi
Todas as peças estão disponíveis na Paiol – www.lojapaiol.com.br
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